Historia Freguesia da Ajuda

Ajuda é uma freguesia portuguesa do concelho de Lisboa, com 3,15 km² de área e 15 584 habitantes (2011). Densidade: 4 947,3 hab/km².

 

A freguesia da Ajuda situa-se entre a praia de Belém e a serra de Monsanto. Era um local pouco propício à agricultura. Conta a lenda que um pastor, passando no local teve uma aparição da Virgem. A notícia espalhou-se rapidamente, e logo vieram crentes que aí se instalaram. Foi construída a Ermida de Nossa Senhora da Ajuda para adoração da Virgem, o que levou também à construção de casas e barracas.

O pequeno santuário depressa deu lugar a uma igreja maior. O número de peregrinos crescia todos os anos, mesmo os mais altos membro da sociedade prestavam devoção à Nossa Senhora da Ajuda. Exemplo disso era D. Catarina, mulher de D. João III. A nobreza tentava fixar-se no local para melhor prestar culto à Virgem, tornando a Ajuda numa zona de habitação gente abastada.

A freguesia foi instituída em 1551.

 

 Terramoto de 1755

O terramoto de 1755 fez muitas vítimas em toda a cidade e destruíu muitos edifícios. A Ajuda não escapou à fúria da natureza e muito do seu património desapareceu. Entre esses edifícios está o Convento de Nossa Senhora da Boa Hora; porém foi reconstruído, em 1756 pelos frades Agostinhos, persistindo até aos dias de hoje. A família real também foi afectada pela catástrofe. Esta foi forçada a abandonar o Palácio da Ribeira e a intalar-se, com a sua corte, na Quinta de Cima na Ajuda, ficando alojados numa estrutura provisória de madeira conhecida como a Real Barraca. A insegurança que o terramoto deu à população ribeirinha fez-se notar pelo aumento de população no local; passou de 1059 para 4748 habitantes.

 

 Freguesia

Em 1762, a Ajuda passou a fazer parte do Concelho de Lisboa, deixando desta forma de ser uma localidade suburbana. A freguesia era na altura um aglomerado de casas, quintas, pedreiras, fornos de cal e moinhos. Em 1768, o Marquês de Pombal instalou, na Horta da Quinta de Cima, o Jardim Botânico. Foi também por volta dessa altura, entre 1766 e 1787, que Pina Manique mandou construir o Cemitério da Ajuda, onde eram enterrados os criados da Casa Real. A Real Barraca que outrora tinha sido a residência da família real foi substituída por um enorme palácio - o Palácio Nacional da Ajuda. As obras tiveram início em 1795, mas tiveram de ser interrompidas devido às Invasões francesas, que obrigaram a família real a fugir para o Brasil. Foi terminado em meados do século XIX, tendo sido a residência do rei D. Carlos.

À semelhança de outras freguesias de Lisboa, também a Ajuda fez parte, entre 1852 e 1885, do Concelho de Belém tendo depois sido reinserido em Lisboa. Atualmente a Ajuda tem vindo a perder população devido à crescente tendência da população se deslocar para a perifería da capital. A freguesia tem um património rico e variado fruto das muitas gerações que por lá passaram.

 

Torre Sineira da Capela Real da Ajuda ou Torre do Galo

Erguida na denominada Quinta de Cima, a Real Barraca funcionou como residência-refúgio para a Família Real, a partir de um conjunto de edifícios de madeira cuja construção esteve a cargo de Bibiena. A Capela Real tinha uma tribuna destinada à Família Real e acesso ao Paço. Em 1761, ocupou-se das obras Elias Sebastião Pope e, em 1792, Manuel Caetano de Sousa iniciou a construção da torre, única edificação em cantaria. Nesse mesmo ano, em 26.5, a Igreja Patriarcal de Lisboa (previamente destruída durante o Terramoto) foi instalada na Capela Real da Ajuda, até que em 1833 passou a ser incorporada na Sé de Lisboa. Assim, a 1835 a Capela Real deixou de existir como tal e, em 29.08.1864, o ministro Costa Cabral mandou demolir o edifício. Feita em pedra de lioz, de estilo barroco, de planta quadrangular, apresenta uma forma poligonal, com entrada no lado Oriental. O acesso  ao campanário é feito por uma escada em caracol, de 80 degraus, aberta na parte Noroeste. O andar dos  8 sinos apresenta quatro aberturas estreitas e altas, e é encimado por fogaréus barrocos nos ângulos. Foram sagrados em 25 de Março de 1793 e tocaram, pela primeira vez, no dia do nascimento da Princesa da Beira, D. Maria Teresa, sensivelmente após um mês. Em Março de 1934, os sinos caíram durante um temporal, mas sem consequências graves. Permaneceram durante anos, antes de serem colocados, assentes na plataforma sineira no alto do campanário.  No 67º degrau, acedendo por uma porta a Norte, encontra-se o relógio, com uma corda de 48 horas, datado de 1796, anterior ao palácio, actualmente, também, fora de uso. No topo, existe um cata-vento, um galo típico de campanário, sobre um globo, com uma cruz, ambos de metal. Exemplo de arquitectura barroca tardía, com afinidades com as torres laterais da fachada da igreja da Estrela e com a torre sineira das Necessidades, mais antiga, é o último resto da Patriarcal e Capela Real da Ajuda, e sobreviveu seguramente por ser o único elemento em cantaria, dado que o resto era de madeira. Como, em 1834, a capela foi demolida, dela só ficou a torre, também conhecida por Torre do Galo, hoje "ex libris" da Ajuda.
 

 

Património